Última ação da Prefeitura coroa atitudes excludentes em São Paulo
O novo presente para a cidade de São Paulo é o anúncio do fechamento da "Toca de Assis" um dos últimos redutos da cidade a abrigar pessoas em situação de rua que têm graves problemas de saúde, com pinos, amputação, conturbação mental e outros casos tanto ou mais graves.
A ameaça de fechamento sob pretexto de problemas de higiene e saúde vem uma semana depois do fechamento da biblioteca indígena e do decreto de fechamento as vésperas do carnaval de outras 4 bibliotecas, sob o pretexto de que não eram usadas refletindo a verdadeira face das políticas públicas aplicadas por esse governo, ou seja, menos espaços de lazer, moradia e assistência a população carente e vulnerável da cidade.
O tratamento dispensado pelo prefeitura à população em situação de rua é nítido, basta observar o caso reincidente de agressão por parte da Guarda Civil Metropolitana (GCM) no Natal Solidário, evento organizado pelo Movimento Nacional da População de Rua. Em dois anos consecutivos pessoas foram agredidas e algemadas - 2006 e 2007. Até mesmo representantes do Estado ficaram embasbacados com o ocorrido. Vide relato da ex-vereadora Soninha.
Diante de toda essa opressão e da inexistência de direitos mínimos para sobrevivência de muitos cidadãos, não é de se admirar que no dia do Aniversário da Cidade de São Paulo, 25 de janeiro, em comemoração repleta de personagens públicas, o morador de rua Benedito de Oliveira, num ímpeto de insanidade esbravejou gritando com uma faca na mão: "Mata eu São Paulo, porque eu não quero morrer de fome". Apesar de não ser sua intenção machucar alguém, na tentativa de contê-lo 3 pessoas saíram feridas e hoje Benedito está preso na 2° CDP de Guarulhos. Este triste episódio foi ainda encerrado com a infeliz declaração do rabino Henry Sobel, que declarou: "É necessário colocar mais polícia nas ruas".
Nossos intelectualizados governantes e influentes desse país já deveriam ter claro que isto não é um problema de segurança e sim um problema social, e dos graves.
É por essas e outras que Benedito não deve ser tratado como criminoso. A garantia dos direitos fundamentais de qualquer cidadão prevalece ao direito a propriedade em nossa constituição. Cadeias super lotadas com negros e pobres é uma a realidade cada vez mais presente, quando essas mesmas pessoas não são executados antes disso. Cadeias que não reincorporam ninguém à sociedade, enquanto delitos cometidos pela população de mais alta renda ou por apadrinhados, são qualificados como problemas psiquiátricos ou desvio de caráter temporário, vide os assassinos do índio Galdino Jesus dos Santos em 1997 de brasília, ou a cratera do metrô de pinheiros em São Paulo, que matou 3 pessoas e sem nenhum engenheiro preso até agora. São apenas pequenos dois exemplos dentre tantos que continuam impunes. Enquanto isso a população vulnerável marginalizada e criminalizada é jogada a própria sorte em cadeias superlotadas dividindo espaço com os ratos, as doenças e a violência.
A prefeitura que não atende essas pessoas, agora impede que outras entidades o façam, para assim varrer de vez dos olhos dos poderosos os problemas sociais que devem ser obrigatoriamente resolvidos pelo Estado em detrimento da busca de uma cidade mais justa e sustentável, o que nos faz concluir que estas atitudes só objetivam atendera interesse próprios com valorização dos imóveis na região central.
foto do editorial: Henrique Parra, mais fotos em: http://www.midiaindependente.org/pt/red/2006/02/345306.shtml
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